Esse post foi originalmente publicado no The Design Edition em Fev de 2023, minha newsletter onde falo sobre design e afins.
Um dia, há muito anos atrás quando eu ainda tinha o meu estúdio, eu conversava com alguém, e contava pra essa pessoa como as coisas estavam difíceis, tudo parecia dar errado, não conseguia acertar uma. Esse alguém então, me diz o seguinte, “faça como as flores”. Olhei pra ele com cara de desconfiado, e ele continuou…
Quando a tempestade chega, as flores se inclinam na direção do vento, elas não resistem a força do vento. Assim que a tempestade passa, elas voltam a sua posição natural e a vida segue.
Nunca mais esqueci, e desde então adotei essa simples idéia no meu dia-a-dia. Tento me adaptar, espero passar e sigo em frente. Isso não quer dizer que não xingo e debato no meio da crise… mas no grande desenho da vida, sei que vai passar. E como tudo isso se relaciona ao nosso tema de Design?
Bati um papo com um amigo sobre como ser mais “duro” com trabalho não entregue pelo time de dev de acordo com os specs fornecidos pelo time de design. Minha resposta foi inspirada na conversa das flores, ou seja — já briguei, já xinguei, já fiquei frustrado, fiz inimigos… em poucas palavras, resisti a tempestade, mas o tempo me ensinou que nada disso adianta. O stress afeta todo mundo e no fim das contas, o que era pra ser entregue será entregue, feito bem ou mal. O ponto é você achar o seu nível de tolerância e trabalhar com isso, MAS… se você não tiver poder de bloco, nem nível de tolerância vai adiantar, porque design não é tão importante quanto você pensa (sorry 🤷🏻♂️).
E talvez a maior prova disso é a tempestade que estamos passando nesse momento. A parte mais visível desse drama são as demissões em massa de designers em empresas de todos os tamanhos, e algo que não aparece tanto assim é o downgrade do designer dentro das empresas, por exemplo, vagas de VP que estão sendo revisadas para Diretor, ou orgs de Design que estão sendo reposicionadas para reportar na estrutura de tech, marketing…
É como se todo o mercado olhasse para o Design e dissesse algo do tipo: “ok, ok, deixamos você se achar um pouco, mas agora abaixa a bola e vai lá fazer aquele botão que pedimos por favor” é triste, mas também engraçado 😬. Digo isso porque me faz lembrar da essência do design — forma e função — , mas como usar isso na prática?
Podemos começar com mais Massimo Vignelli e muito menos Don Norman. Sabe o que era(é) ser estratégico? Entregar design bem resolvido! O que é design bem resolvido? Dá uma olhada no trabalho do estúdio Vignelli, as loucuras do David Carson, Paula Scher! O nosso grandíssimo Oswaldo Miranda, nomes mais recentes? O trabalho fino que o pessoal da Porto e Rocha faz, os queridos da Work&Co, e tantos outros que nos deliciam com trabalhos de alta qualidade. Design é muito complexo e grande para ser resumido a produtos digitais e também mais criativo do que padrões de UX.
Ou seja, todos esperamos que a tempestade passe logo, e quando passar, vamos aproveitar pra dar uma acalmada na busca pela estratégia e simplesmente entregar o que esperam de nós, design bem feito.
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Até a próxima
Al Lucca